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Dadaísmo
Movimento literário e artístico - ou melhor, anti-literário e anti-artístico
- surgido simultaneamente em Zurich e em Nova York em 1915, isto é, em
plena l Guerra Mundial. Como afirmava Hans Richter, um de seus criadores,
não era "um movimento artístico no sentido tradicional da palavra,
mas um furacão desencadeado sobre a arte como a guerra sobre os povos".
Nascido sem nome, recebeu o nome de Dada - que castelhanizamos - acentuando-o
mediante o expeditivo procedimento de escolher ao acaso uma palavra no
dicionário, em "cerimônia" concretizada pelos componentes do grupo de
Zurich em fevereiro de 1916. Data importante para o desenvolvimento do
movimento foi a do encontro em Lausanne, em 1918, entre representantes
dos grupos suíço e norte-americano, de onde saiu a publicação de uma revista,
Dada, dirigida por Tristan Tzara, que se encarregou de escrever em suas
páginas o correspondente Manifesto.
Nessa época o Dadaísmo se propagava também em Berlin e Colonia, onde se
mostraria especialmente violento. No Dadaísmo confluíram duas atitudes
bem diferenciadas em sua origem e confusas depois: por uma parte a burla
um tanto desenfadada e cínica, irreverente e escandalosa às vezes, a respeito
da missão e as pretensões atribuídas à arte na sociedade contemporânea;
de outra, a amargura e o niilismo brotados da própria irracionalidade
da guerra que vinha a demonstrar o nível real da condição humana. São
exemplos da primeira o francês Marcel Duchamp (1887-1968) e o fundador
do Dadaísmo nos Estados Unidos, Francis Picabia (1879-1953); da segunda,
ou melhor, do grupo surgido em Zurich, que a partir de 1916 faria de Cabaret
Voltaire o cenário de suas provocações e escândalos. Porque se tratava
exatamente disso: de escandalizar aos intelectuais - plantar uns bigodes
a Gioconda, enviar um urinário a uma exposição com o título Fuente, ou
desenhar máquinas complexíssimas e perfeitamente inúteis que receberiam
os nomes mais grotescos - e de provocar a ira dos críticos da burguesia.
Tinha que demonstrar que a arte não era nada, que não servia para nada,
que sua pretendida nobreza e dignidade eram um convencionalismo sem base.
Muito no Dadaísmo é um jogo - às vezes engenhoso, quase sempre cínico,
freqüentemente cruel -, mas um jogo que deixa um amargo sabor de boca
porque não oculta sua raiz niilista e seu propósito de subverter os valores
tradicionais para substituí-los pela arbitrariedade e o absurdo, apesar
de tudo isso, o Dadaísmo não careceu de descobertas estéticas, que os
movimentos subseqüentes - e particularmente o Surrealismo - explorassem
amplamente. De fato, o Surrealismo nasceria como uma cisão do Dadaísmo
e faria uso de muitas de suas técnicas. Entre as principais figuras do
Dadaísmo, além dos já mencionados Duchamp e Picabia, deve-se mencionar
ao frances Jean Arp (1887-1996), escultor, aos alemães Max Ernst (1891-1976)
e Richard Hülsenbeck (1871-1956) e Man Ray (1890-1976). Muitos deles foram
vencidos pelo Surrealismo. .
Degenerada,
Arte
Tradução da expressão alemã "entartete Kunst", aplicada pelos ideólogos
e hierarcas do nazismo a uma grande parte da arte contemporânea e concretamente
a tudo que não se adaptava aos princípios acadêmicos da arte oficial.
Curiosamente, a interpretação da arte contemporânea como uma degeneração
- ou melhor, como a obra de uma sociedade em vias de degeneração - encontrava-se
nas obras do escritor austríaco-judaico e sionista, Max Nordau (1849-1923).
Desde o primeiro momento o Nazismo fez sua esta doutrina e, chegando ao
poder, traduziu-a numa verdadeira atuação repressiva que incluiu o fechamento
de instituições - o Bauhaus, por exemplo - , campanhas propagandísticas
orquestradas com todo luxo de meios - a Exposição da arte Degenerada,
montada em 1937 no Instituto Arqueológico de Munich - , o confisco de
obras, e inclusive sua destruição física, instrumentalizada pelas leis.
Frente ao clima criado por estas medidas e a impossibilidade prática de
desenvolver o seu trabalho, muitos artistas alemães se viram obrigados
a escolher o exílio.
Divisionismo
Técnica pictórica empregada pelos pintores pós-impressionistas, de modo
particular por seus criadores Georges Seurat (1859-1891) e Paul Signac
(1863-1935). Consiste, basicamente, em reduzir as pinceladas a pontos
de cor, justapostos - daí o nome de pontilhismo, como também é
conhecido - , empregando apenas as cores puras elementais, de forma que
seja a retina do observador a que, contemplando o quadro numa distância
apropriada, os associe e uma, forjando-se a percepção subjetiva de tons
intermediários. O divisionismo tinha uma sólida base científica, pois
se apoiava nas investigações acerca das leis da ótica desenvolvidas pelos
físicos do século passado (Chevreul, von Helmholtz, Rood), e ao mesmo
tempo era um aprofundamento em certos problemas que já se haviam deparado
os impressionistas, como a da perda de luminosidade das cores mescladas.
Quis ver-se nele uma continuação do Impressionismo, mas o certo é que
implicava uma verdadeira ruptura com os delineamentos e propósitos dos
pintores impressionistas: se estes procuravam - e conseguiam em grande
medida - uma espontaneidade visual e a captação dos efeitos luminosos
mais fugazes, os divisionistas ofereciam em compensação uma intelectualização
da realidade; para eles, realidade e pintura eram dois universos submetidos
cada um às suas próprias leis: pintar não era simplesmente representar
a realidade vista, mas compô-la a partir de alguns princípios mentais.
De momento, estes princípios tinham um só fundamento científico, isto
é, eles se apoiavam nos dados facilitados pela ciência acerca da estrutura
perceptiva do ser humano; mas em breve se abandonará esta vinculação com
a ciência para passar dessa estrutura perceptiva, baseada nas limitações
dos sentidos, ao conceito global do ser humano, que não só percebe, mas
que também sente, entende e se expressa.
Dripping
Técnica pictórica que consiste em verter diretamente a tinta sobre a tela
ou superfície a pintar através de orifícios realizados em latas com diferentes
cores, que gotejam formando regadores, (dripp).
A técnica em si não teria maior importância nem mereceria se comentada
aqui se não fosse porque os expressionistas abstratos norte americanos
(ver action painting), e singularmente
Jackson Pollock (1912-1956), empregaram-na como mais adequada para a realização
de suas obras, em conjunção com as técnicas tradicionais. O gotejo, de
fato, elimina a utilização do pincel, exige uma intensa atividade corporal
do artista sobre a tela - sem tempo para reflexão - é um reflexo sumamente
sensível de qualquer impulso ou movimento e, além disso, introduz a casualidade
na composição, todos estes princípios que configuram as bases do expressionismo
e que fizeram com que a mencionada técnica não possa ser reduzida a um
simples jogo ou extravagância.
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